O que pensam sobre nós quando andamos absortos pela rua, tateando as
calçadas, dobrando as esquinas numa pressa sem limites?
Nos veem, mas provavelmente não
sentem o mal ou o bem que carregamos, às vezes escancarados ou escondidos
dentro de nós. É o nosso show de memórias que se assenta em nosso corpo e ganha
movimentos aleatórios, tomando proporções e pesos descomunais.
Interessante seria se de cada
pessoa, real ou vestida em sua fantasia própria, pudéssemos, só por alguns
segundos, enxergá-la como numa cortina transparente de pura seda, e ai
poderíamos sentir a imensidão dos dias de cada um que passa pela vida imaginando
não ser percebido por ninguém.
Estar só é necessário. E não necessita
rotular como “a solidão dos séculos”, pois ela se propaga para além do discurso
romântico. O ato de estar só quer dizer muitas coisas, ou melhor, para os mais
ousados diante da realidade, ela diz que é possível sobreviver e se descobrir
como cada um é personalidade de si e transcende a mera exigência da presença
constante do outro.
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