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domingo, 22 de setembro de 2013

Dança, vinho e deuses



Amanhã tudo estará vestido de azul! Digo isto com o mesmo entusiasmo quando vejo o céu pesado e cinzento, o que para mim é o despertar do choro e das angústias celestes. Mas, não só! É a beleza escondida por trás do universo revelando sua dança triste, o que para os poetas e apaixonados, não passa do choro pesado do deus enigmático à espera de sua musa que ainda não voltara da grande viagem - aquela em que os deuses desaparecem embriagados, tomando formas mortais e provando das angústias humanas.

Bem sabemos que a dança representa não só o encontro de dois mundos, mas a troca de experiências inacabadas, o toque entre corpos envolvidos pela mágica da substância vívida e mortal. 

As notas musicais soam como o sopro dos deuses, gelando a espinha e corrompendo a alma, mas, que em sua essência é o rito, a composição, o arranjo exato que dá o ritmo aos amantes embriagados pelo vinho cortesão. Belo acompanhamento para falarmos de sensações da carne, e assim como o sangue, sua leveza se faz cristalina, aguda e doce, outras vezes, parece que seu efeito corta a alma, trazendo à tona um sabor amargo e uma cor turva que confunde a composição das uvas. 

Porém, fora a bebida predileta, servida nos banquetes e ofertada aos deuses das antigas e poderosas civilizações. Da Grécia à Roma Antiga, onde Dioniso e Baco se camuflavam em esperados dias e longas bebedeiras, realizando as vontades  do instinto humano, seja nas festas dionisíacas ou nas bacanais, o que simbolizava dias de lazer, descanso e luxo! Sim, porque satisfazer os desejos da carne, sem proibições ou leis, é um luxo de valor inestimável. Além disso, existiam as deusas, musas, semideusas, dentre tantas mulheres de beleza incontestável para enlouquecer e rodopiar em arrebatadores suspiros as inspirações dos homens; aquelas, metade humana e a outra, divina. 

Foi assim que os homens começaram a beirar o precipício da loucura para a realização de seus amores plurais, o que não quer dizer que tais desejos surgiram a partir desse culto ao vinho e seus deuses, mas de inquietações maiores, inescrupulosas e carentes de linguagens vulgares; estava lá apenas a expressão purificada dos laços humanísticos que enganam e transformam o que denominamos sanidade ou pudor da carne.

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